Hoje eu participei de um evento sobre o padrão Matter, com representantes da Silicon Labs, Schalge, NanoLeaf, ComCast e Zigbee Alliance, que agora se chama Conectivity Standards Alliance.
Matter é um padrão de código aberto (disponível no Github), criado por uma aliança de gigantes da indústria, como Silicon Labs, Apple, Amazon, Google, Huawei, Tuya, Schneider Eletric, Texas Instruments, Smartthings, Assa Abloy, Somfy e outros.
O padrão Matter é uma camada de aplicação, e não um protocolo de rádio, como o Bluetooth, Zigbee, Z-Wave ou Wi-fi.
Embaixo do padrão Matter é possível o uso de diversos protocolos de rádio. Os principais são o Thread e o Wi-Fi.
O protocolo Thread é uma evolução do Zigbee, que possui as propriedades de rede Mesh, baixo consumo de energia, atualização OTA, e outros, mas com a capacidade de roteamento do protocolo IPv6.
E isso faz toda a diferença.
Com a possibilidade de roteamento IP, as aplicações são inúmeras, além da interoperabilidade entre dispositivos e gateways de marcas diferentes.
Outro ponto relevante do Thread é que é o protocolo escolhido pela Amazon, Google e Apple para a Smart Home.
Um exemplo é que o HomePod mini, Apple TV 4K e Google Assistent já possuem o chip Thread no hardware, apesar de ainda não estarem em uso.
E quando se trata desses três gigantes, faz sentido ir junto com eles.
Outro fator crucial é a segurança.
Pela primeira vez na história, a tecnologia blockchain é aplicada na automação residencial.
Cada “nó” no padrão Matter será registrado na blockchain e, por conceito, não existe banco de dados centralizado, além da impossibilidade de alteração do hardware ou software.
Para mim, essa é a principal inovação.
Foi comentado no evento que o Bluetooth será usado para provisionamento dos dispositivos, o que é maravilhoso.
Para quem já adicionou dispositivos Tuya que tem Bluetooth e Wi-Fi, sabe que é muito fácil adicionar o dispositivo na rede quando o celular se conecta via Bluetooth.
Outro ponto importante é a compatibilidade com os dispositivos existentes.
Como o padrão Matter é uma camada de aplicação e não um chip de rádio, os ecossistemas da Google, Apple ou Smartthings podem fazer a “ponte” entre um dispositivo “não-Matter” e a rede Matter.
Eu também adorei o fato de que já existem roteadores com chip Thread.
Isso permite a criação de redes Thread através do Access Point, que por conceito, é instalado no local mais próximo dos dispositivos.
A previsão para os primeiros dispositivos padrão Matter chegarem ao mercado é o segundo semestre de 2022, e certamente até lá, vamos ouvir falar muito sobre isso.
Alguns pontos ainda estão em aberto.
Um deles é sobre a possível exigência de dupla certificação “Works with” pelos fabricantes. Outro ponto em aberto é se será possível atualizar dispositivos com rádio Zigbee para Thread.
Apesar de tudo isso ser novo, eu só consigo enxergar boas repercussões.
Por ser um código aberto, softwares como o Home Assistant podem continuar evoluindo, ou qualquer outro desenvolvedor pode criar aplicações sem se preocupar com a compatibilidade dos rádios.
Um ponto muito relevante é que se o padrão Matter se tornar o principal padrão de Smart Home no mundo, o usuário poderá escolher o ecossistema que ele deseja usar com os dispositivos inteligentes, e não será obrigado a adotar uma única plataforma.
E como fica o mercado especializado?
Cada vez que a indústria facilitou a adoção de dispositivos inteligentes, mais projetos foram fechados pelo mercado especializado.
Foi assim quando chegaram os dispositivos Wi-Fi de baixo custo. Foi assim quando as assistentes de voz se tornaram populares.
E com certeza será assim com o padrão Matter.
Afinal de contas, somente uma parcela mínima das casas tem automação.
O mercado é gigante, e esse movimento é o passo que faltava para a adoção em massa pela população, principalmente com a segurança em blockchain implementada desde o início do desenvolvimento.
Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos, o que vem pela frente é animador.
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